Essas últimas semanas têm sido de muitas novidades e uma nova jornada, em busca da realização dos meus sonhos. Finalmente resolvi tirar a bunda do conforto, enfrentar a resistência e tocar um projeto já um tanto adiado. E, se não é possível no momento fazer da forma que eu imaginei, vamos da forma que dá. Afinal, como diz o ditado, se a vida te der limões, faça uma limonada.
Para quem acompanha as minhas news desde o começo sabe que tenho um sonho antigo de rodar as Américas de carro por tempo indeterminado. Desde 2018, venho maturando esse sonho e tentando viabilizá-lo.
Como que dando início a esse sonho, coloquei uma parte desse projeto na rua. Nasceu o Nova Jornada, um canal no Youtube, onde, a princípio, pensei em mesclar as minhas vivências de Kombi por aí, com minhas reflexões sobre a vida, algo também relacionado aos assuntos abordados aqui no Substack, mas com o formato audiovisual. E, ao ver o desempenho do primeiro vídeo, por mais que não tenha sido nada excepcional, me mostraram que foi a coisa certa a fazer.
Para gerar esses conteúdos, precisei me desafiar a sair da zona de conforto, me por a campo e vivenciar de fato aquilo que quero para minha vida em breve.
E isso tem sido uma experiência fantástica. Tenho me jogado de Kombi por aí e, a cada dia que passa, me sinto mais em casa enquanto estou fazendo as coisas na Kombi. Seja dirigindo, seja acampando, cozinhando e até mesmo trabalhando lá dentro, tudo tem se encaixado perfeitamente no propósito para o qual ela foi construída e isso tem, confesso, dado uma acelerada na minha ansiedade, que vem sendo controlada com muitas doses de conversas internas.
A simplicidade que me trouxe felicidade
O que eu tenho notado também é o quanto estou me sentindo mais feliz nesses últimos dias. Por mais que nada seja confortável ali dentro da Kombi, muitas vezes é quente e eu não consigo ficar em pé la dentro, a paz que eu tenho encontrado estando ali é algo inexplicável.
Na última sexta, inclusive, quis testar um dia de trabalho dentro da Kombi, pois é algo que eu vou precisar me acostumar também. E foi incrível. Eu fui para um parque próximo da minha casa, onde eu sabia que seria um local agradável, que teria alguma sombra. De lá, pude fazer minhas coisas normalmente, assim como estaria fazendo de casa. A experiência foi tão boa que, de agora em diante se tornará rotineira.
Tudo começou com o desapego
O desapego foi uma coisa que precisei aprender com o projeto de viajar as Américas, pois, para dar o primeiro passo e levantar o dinheiro inicial para a compra e construção do interior da Kombi, eu tive que me desapegar de muitas coisas que foram importantes na minha vida. Coisas que ocupavam muito espaço físico e que foram adquiridas com a dedicação de muitas e muitas horas de trabalho da minha vida.
A grande maioria desses objetos eram meus amados instrumentos musicais.
Vendo tudo para conseguir levantar o dinheiro que preciso para realizar o meu sonho maluco?
Toda escolha gera uma renúncia
Dar esse passo foi um dos mais difíceis, sendo bem honesto. Foram dias, semanas, meses, adiando e me questionando:
E, se um dia eu precisar? E, se um dia eu quiser voltar a tocar? E, se um dia eu quiser jogar esse jogo novamente?
A verdade, meus amigos, é que esse E, Se… nunca vai chegar. Sempre essa péssima mania de postergar decisões importantes com base no E, se…
Enfim, um dia acordei no ímpeto de dar andamento ao sonho e, para não correr o risco de desistir no meio do caminho, pedi auxílio para um grande amigo, para ficar com a responsabilidade de despachar esses itens e até negociar alguns.
Eu não sei se alguém que me lê aqui é músico mas, saiba que é extremamente difícil para nós desapegarmos desses itens. Parece que um ente querido está partindo. Repassar esse momento agora mesmo me trouxe alguns pensamentos contraditórios rs rs rs.
Nós precisamos de novas experiências
Outra coisa que notei também nesses últimos dias é como essas novas experiências têm me feito me sentir vivo. Quebrando a rotina já tão desgastada com novas atividades, novos locais, novas pessoas, tudo isso tem sido um enorme combustível propulsor para dar andamento ao projeto.
A ideia com o canal do Youtube no momento atual é trazer essas vivências e reflexões de uma forma honesta e sincera, enquanto eu vou ganhando fôlego para o momento de tomar a decisão de fazer o corte umbilical e nascer para a nova vida na estrada.
Cada semana uma nova história, uma nova reflexão, um novo encontro. Essa será a pegada para os próximos meses e, espero que a aceitação que tive com o primeiro vídeo, tenha sido a amostra do futuro promissor que me aguarda.
Afinal, viver na estrada registrando essas experiências como uma forma de trabalho e sustento, seria o melhor dos mundos.
Qual a serventia desse relato?
Com certeza essa maluquice de viver na estrada por um tempo não tem nada a ver com muitos de vocês. Pensando bem, eu imagino que com nenhum de vocês. Então, qual a mensagem dessa news, afinal?
Será que o caminho para a felicidade ou para uma vida mais plena não está ligado a viver mais as experiências que nos fazem bem? Simplificar a vida, ter menos grilhões para arrastar e prestações para pagar, não poderiam nos tornar mais livres para viver nossos sonhos?
Eu tenho cada vez mais a convicção que sim.
Nossa vida é uma jornada individual, onde nascemos sozinhos e morreremos sozinhos, sem nada, apenas com o nosso corpo e a nossa existência. De onde viemos e para onde iremos é uma incógnita.
Não levaremos ninguém, nenhum objeto, nenhum pedaço de terra quando partirmos.
Teremos, no fim, apenas as nossa experiências vividas ou a frustração de uma vida não vivida.
Imagine por um momento, uma situação hipotética em que, a sua vida, exatamente como ela é hoje, seria revivida eternamente por você. Ao morrer, você nasceria novamente, da mesma forma, e viveria tudo exatamente igual, em um ciclo sem fim. Você estaria satisfeito com a sua vida agora?
O meu caminho
Eu cheguei a uma encruzilhada.
De um lado, a vida que me disseram ser a certa: sonhos que não são meus, caminhos que não escolhi, expectativas que nunca pedi para carregar.
Do outro, está a minha vida. Minha verdade. Minha Liberdade. Meu chamado.
Eu não tenho mais dúvidas sobre qual caminho eu seguirei. E você, já escolheu o seu?
Se você ficou curioso para conhecer o meu novo canal no Youtube, acesse o primeiro vídeo abaixo. Por favor, assista até o final e deixe um comentário dizendo que chegou no vídeo pelo Substack! 😀
Cara, concordo demais! Eu conversava com uma colega na sexta sobre isso. Grandeza é algo pessoal e individual em um mundo onde se vale o que tem. Saudades de quando a galeria lia clássicos e internalizava alguma coisa, porque exemplos assim se estendem pela literatura.
Esse movimento do "menos é mais" não é simples filosofia, "mania" ou modernidade. Realmente nos remete de volta ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído, para atender apelos materiais. Houve um costume judaico de realizar a "semana das tendas", onde os hebreus deixavam suas confortáveis casas para vivenciar, familiarmente, uma semana com a simplicidade de morar em uma tenda (barraca), para darem valor real à vida. Gostei de seu artigo. Parabéns!