Quem te tira do sério também te controla
Uma frase que me fez refletir, trouxe memórias esquecidas e vontade de refletir muito sobre como evitar assediadores.
Na semana passada eu li essa frase em algum lugar:
"Quem te tira do sério também te controla."
Quantas vezes você se pegou perdendo a calma? Uma palavra mal colocada, um olhar de desprezo, ou aquela atitude que parece feita para te provocar.
A frase é simples, mas poderosa.
Hoje, eu gostaria de refletir sobre como entregamos o nosso poder a quem nem sempre merece. E, mais importante, como retomá-lo.
Seja num ambiente de trabalho, seja num relacionamento ou até mesmo com alguém na família, precisamos estar atento aos comportamentos que causam certos gatilhos.
Eu sempre bato nessa tecla, de estar em permanentemente estado de alerta e consciente da nossa vida. Nunca ficar em modo automático.
Em tempos onde pessoas narcisistas e psicóticas cada vez mais ganham destaque em histórias que leio por aí, é importante lembrar que temos o direito e, ouso dizer, o dever, de sermos gerenciadores da nossa paz.
Reconhecendo o Controle Invisível
Muitas vezes, acreditamos que o controle vem da força, da imposição ou da autoridade. Mas o controle mais sutil é aquele que atua no nosso emocional. É quando uma palavra, uma atitude ou mesmo um silêncio nos desestabilizam.
Isso já aconteceu com você? Alguém diz algo, faz algo ou te trata de uma certa maneira que faz com que, de repente, o seu humor mude? Às vezes uma determinada pessoa que parece saber exatamente onde te apertar para te ver reagir de uma forma que a tenha sobre controle?
Nietzsche dizia que “o indivíduo que não consegue domar seus impulsos é escravo de si mesmo”. Mas... e quando não se trata apenas de domar os nossos impulsos? E quando o ambiente ao redor contribui para nos manter em uma prisão emocional?
Até Onde Tolerar?
Às vezes, tolerância é confundida com paciência infinita. Mas o que diferencia a compreensão da permissão é o impacto que isso tem em você.
Uma certa vez, há muito tempo atrás, eu trabalhava em uma empresa onde via claramente o assédio moral protagonizado por uma coordenadora do meu departamento. Eu vivia pensando: Como vou reagir no dia que isso acontecer comigo?
Eu nunca fui uma pessoa que teve jeito para ambientes corporativos. Essa coisa de hierarquia, de disputa, de concorrência, sempre foi um problema para mim. Mas eu me adaptava e, quando ficava demais para mim, apenas me planejava e saia.
Mas desta vez foi diferente: um certo dia, por um erro de planejamento desta coordenadora, algo deu muito errado. Eu não me lembro exatamente o que aconteceu, mas ela precisava de uma pessoa para culpar e, desta vez, o escolhido era eu.
Na primeira elevada de voz e início de gritaria eu entrei em confronto com ela e aí, meus amigos e amigas, vocês já podem imaginar onde isso foi terminar não é?
Fui demitido, é claro. Foi uma situação chata, que escalou para gerência e diretoria. Conversa vai e conversa vem, ameacei entrar com processo por assédio moral e tudo mais. No final, panos quentes foram colocados, eu saí da empresa mas, acabei por receber um dos mais verdadeiros pedidos de desculpas que já recebi na vida. Vida que segue. Já passou por algo assim?
Mas, é claro que eu não recomendo ninguém a reagir dessa forma. Sugiro que, se estiver vivendo uma situação parecida, seja no trabalho ou na vida mesmo, onde alguém ou algo esteja te tirando do sério ou acabando com o seu psicológico, pergunte-se:
Estou perdendo minha paz para agradar ou para continuar onde estou?
Minhas reações estão resolvendo algo ou apenas me desgastando ainda mais?
Estou sendo respeitado?
Quando a resposta for não para algumas dessas perguntas, talvez seja hora de repensar sobre o que vale a pena. A tolerância pode ser um ato nobre, mas não às custas da sua dignidade.
Quando e Como Mudar?
A mudança pode ser uma decisão. Mas às vezes pode ser uma necessidade.
Não estou dizendo que você deve abandonar tudo ao menor sinal de incômodo. Mas se você está preso em um ambiente que constantemente desafia a sua saúde mental ou emocional, vale a pena refletir: o que você está ganhando ao permanecer nessa situação?
Se decidir mudar, avalie bem o que vai fazer:
Identifique os gatilhos e veja se algo pode ser feito.
Reflita sobre possíveis reações e seus desdobramentos.
Planeje seu próximo passo.
Se for necessário dar um passo maior, como mudar de emprego ou encerrar um relacionamento, lembre-se:
É melhor enfrentar o desconforto temporário da transição do que viver em um estado permanente de insatisfação.
Retomando o Controle
Recuperar o controle é mais do que evitar ser manipulado por outros. É sobre se reconectar consigo mesmo. Perguntar-se: “O que realmente importa para mim?” e usar isso como guia para as suas ações.
Nem sempre você vai mudar as pessoas ou o ambiente ao seu redor. Mas você sempre pode mudar como escolhe reagir. E esse é um caminho para a sua liberdade. Para o controle de determinada situação e para uma vida melhor.
Lembre-se: quem te tira do sério também te controla. Mas apenas se você permitir. A paz que você procura pode começar em uma decisão:
Não dê a alguém o poder de decidir como você vai se sentir.
Espero de verdade que nenhum de vocês esteja passando por isso mas, se for o caso, que esse texto lhe ajude a tomar uma decisão que seja melhor para você!
Gostaria de aproveitar essa news para agradecer a todos que estão chegando a esse espaço de reflexão e convidá-los ao debate, à conversa. Participem, tragam a sua opinião e vamos juntos nos transformar em ser humanos melhores!
Muito obrigado!